"O que diferencia «uma mudança reformista» de «uma mudança não reformista» num regime político, é que no primeiro caso o poder continua fundamentalmente nas mãos da antiga classe dominante e que no segundo o poder passa das mãos dessa classe para uma nova."

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O 25 de Novembro

O 25 de Novembro foi um golpe militar inserido no processo contra-revolucionário. A sua preparação começou muito antes das insubordinações e sublevações militares do verão quente e de Outubro e Novembro de 1975.

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“Na grande aliança contra-revolucionária, internamente muito fragmentada, participavam fascistas declarados e outros reaccionários radicais, que visavam a instauração de um nova ditadura, que tomasse violentas medidas de repressão, nomeadamente a ilegalização e destruição do PCP.”

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“Da parte dos fascistas e neofascistas, a ilegalização e repressão violenta do PCP era, não apenas um desejo mas um objectivo que pretendiam fosse alcançado no imediato.”

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“Mário Soares e o PS tinham representado um papel importante na acção política preparatória do 25 de Novembro. Mas o golpe do 25 de Novembro não foi o que projectaram. Nenhum dos seus três objectivos centrais imediatos se concretizou. Nem a liquidação da dinâmica revolucionária e das suas conquistas. Nem o esmagamento militar do PCP, do movimento operário e da esquerda militar, nem, como resultado do golpe, ser Soares o vencedor, aquele que teria salvado a democracia de um golpe e de uma ditadura comunista e que por isso assumiria naturalmente de imediato, no poder do Estado, as responsabilidades daí decorrentes. Tal operação foi tentada mas falhou. Não é por isso exagero dizer-se que Soares ficou de fora do 25 de Novembro”

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(A. Cunhal in A verdade e a mentira na Revolução de Abril)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Insensibilidade “reforçada”



O PS de Coruche que nas últimas eleições reforçou a maioria absoluta, parece ter também “reforçado” a sua insensibilidade perante as dificuldades da generalidade dos Coruchenses.

Só assim se explica, que ontem na segunda reunião do novo executivo municipal, tenha aprovado para o ano de 2010 a taxa máxima permitida por lei do imposto municipal sobre imóveis (IMI) que vai ser cobrado aos coruchenses.

Claro que os interesses da “Nestlé” estão salvaguardados pelo poder socialista, pois, em 2010 esta multinacional continuará a beneficiar da isenção de pagamento do IMI.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Álvaro Cunhal – Um Exemplo para a Luta que Continua

Passam hoje 96 anos do nascimento de Álvaro Cunhal

“…Não se é marxista-leninista só porque se dão vivas ao marxismo-leninismo e se afirma a fidelidade aos princípios, se estes são compreendidos como petrificados e alheios à realidade em que se luta. Tão importante como um partido afirmar-se marxista-leninista é sê-lo de facto. …”


(Álvaro Cunhal em “O Partido com Paredes de Vidro”)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"PIDES de 1ª e PIDES de 2ª"


" [...]Trauteando uma canção em voga na época, o engraxador não dava mostras de se interessar pela nossa conversa. O homem recebeu os dez tostões e arranca com a caixa, enquanto se aproxima de nós o empregado, afobado e aflito, e pespega-nos: "Vão-se embora já! O bufo já está a denunciá-los à PIDE! Eles não tardam aí. Saiam, logo pagam depois![...]"

Alguma coisa se tem escrito sobre a política de Salazar, que tinha carta branca para prender sem mandato, torturar e até fazer desaparecer muito bom cidadão deste país que não afinasse pela democracia orgânica inventada pelo antigo presidente do conselho, de que é exemplo notório o assassinato de Humberto Delgado.

Estima-se em cerca de 2.500, os agentes da PIDE à data do 25 de Abril e grande parte deles está hoje bem instalada na vida; até condecorados foram depois da Revolução.

No entanto, o que ninguém conseguiu contabilizar foi o número de informadores que constituíam a rede quase subterrânea dos chamados "bufos" de triste memória, uma casta venenosa que denunciava ao seu agente qualquer conversa que escutasse, a troco de dez reis de mel mal coado. Medrava esta erva daninha em qualquer escalão social, desde um director politicamente convicto até um desempregado IGNORANTE!

Sabia-se, inclusive, que a PIDE tinha viaturas donde escutava qualquer conversa a cerca de seis metros. Qualquer carro encostado ao passeio era duvidoso em muitos casos.

Esta máquina infernal constituía o suporte repressivo da ditadura, com censura prévia, a que davam uma mãozinha a muita profícua e conhecida Legião Portuguesa e as forças paramilitares, entre outros esquemas.

Existiam a nível local a qualquer cidadão consciente que se tornasse notado sofria as consequências da praxe, onde não faltava a calúnia e a infâmia para prejudicar, pessoal e profissionalmente o indivíduo.

O autor destas linhas foi também protagonista da acção dos tais"bufos".

Com efeito, certa vez, num café no Largo de Santos-o-Velho, ali à Madragoa, com outros dois colegas da rádio e enquanto tomávamos o café, um deles chama o engraxador. Continuávamos com as nossas lamentações sobre a carestia da vida, os miseráveis ordenados, a falta de liberdade e a repressão.

Trauteando uma canção em voga na época, o engraxador não dava mostras de se interessar pela nossa conversa. O homem recebeu os dez tostões e arranca com a caixa, enquanto se aproxima de nós o empregado, afobado e aflito, e pespega-nos: "Vão-se embora já! O bufo já está a denunciá-los à PIDE! Eles não tardam aí. Saiam, logo pagam depois!"

Rapidamente espalhámo-nos pelo jardim e pouco depois chegam de carro dois agabardinados agentes que entraram no café de rompante. Vimo-los sair imediatamente, olhando para todos os lados.

Era assim que a máquina agia.

Mais tarde deparámo-nos com o nosso amigo engraxador de cabeça ligada, olhos esmurrados e muito bem enfeitado com nódoas negras na cara. Disse¬nos o empregado que até àquela data ninguém sabe quem fez aquele belo trabalho ao "bufo".



José Pereira Júnior
(O Passado no Presente - Pequenas Histórias da Resistência, URAP, Abril 2004)

domingo, 8 de novembro de 2009

ENTRE_SONS (51)

John Lee Hooker - "Hobo Blues"

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Comemoremos a Grande Revolução de Outubro

Revolução de Outubro foi há 92 anos


«Foi aos operários russos que couberam a honra e a alegria de serem os primeiros a desencadear a revolução, quer dizer, a grande guerra, a única guerra justa e legítima, a guerra dos oprimidos contra os opressores.»

«Os capitalistas sempre chamaram “liberdade” à liberdade de obter lucros para os ricos, à liberdade dos operários de morrerem de fome.»
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«Só quando “os de baixo” não querem o que é velho e “os de cima” não podem continuar como dantes, só então a revolução pode vencer.»
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«A questão mais importante de qualquer revolução é sem dúvida a questão do poder de Estado. Nas mãos de que classe está o poder, isto é que decide tudo.»

V.I. Lénine
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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

«Eleição histórica»

Uma coisa chamada «Comissão Eleitoral Independente» decidiu que não haveria segunda volta nas eleições afegãs e proclamou Hamid Karzai «presidente eleito do Afeganistão». Os EUA felicitaram Karzai pela vitória «nesta eleição histórica» e prometeram continuar a apoiá-lo.
Pronto: está no poder quem os EUA queriam que estivesse. A democracia funcionou e triunfou. Agora é só enviar mais umas dezenas de milhares de soldados norte-americanos e tudo ficará resolvido à maneira.
A história desta «eleição histórica» é paradigmática do tempo que vivemos.
Como é sabido, na monumental fraude que foram as eleições de 20 de Agosto passado, Karzai foi o candidato, digamos assim, mais votado, logo seguido por Abdullah Abdullah. Recorde-se que a primeira «leitura» dos resultados eleitorais deu a vitória com mais de 50% dos votos a Karzai, o que arrumava desde logo o assunto…
Mas as fraudes eram de tal monta e tão óbvias que tal «leitura» não logrou impor-se e teve que ser corrigida: os resultados finais obrigavam a uma segunda volta entre os dois candidatos mais votados.
Agora, Abdullah desistiu, por considerar que as fraudes eleitorais da primeira volta iriam repetir-se.
Face a esta desistência, e sem olhar às suas causas, logo os EUA – bem como alguns governos de outros países ocupantes e o secretário-geral da ONU - apontaram como solução a anulação da segunda volta das eleições e a entrega da presidência ao… organizador das fraudes – e a tal «Comissão Eleitoral Independente» assim fez.
É claro que havia a possibilidade - esta democrática, de facto - de ser chamado a concorrer o terceiro candidato mais votado em 20 de Agosto, mas ao que parece tal hipótese nem sequer foi considerada…
Na verdade, não há democracia que resista ao modelo de «democracia made in USA» que o imperialismo norte-americano tenta exportar para todo o planeta – modelo cujo conteúdo democrático fica bem evidenciado com esta «eleição» de Hamid Karzai para presidente do Afeganistão com os votos obtidos em eleições reconhecidas por toda a gente como fraudulentas.
Por isso mesmo, uma «eleição histórica» - como faz questão de sublinhar o Governo de Barack Obama.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

domingo, 1 de novembro de 2009

PANTOMINICE

Durante largos meses os representantes dos trabalhadores Municipais vieram solicitando ao presidente da Câmara que os recebe-se, para em conjunto encontrarem as soluções mais adequadas para minimizar os prejuízos destes, pelo facto de terem tido desde 2005 “congeladas as progressões nas respectivas carreiras” com a entrada em vigor do novo regime de avaliação imposto pelo governo do PS.
Durante todo este tempo, a maioria PS na Câmara foi insensível a este problema, no entanto, na véspera das eleições Autárquicas – 8 Outubro – o presidente da Câmara emitiu um comunicado com o título “INFORMAÇÃO AOS TRABALHADORES”, onde era afirmado E SE PROMETIA:

«ESTÁ A SER EFECTUADO O LEVANTAMENTO DOS TRABALHADORES QUE ESTÃO EM CONDIÇÕES DE PODER ALTERAR A SUA POSIÇÃO RENUMERATÓRIA.

APÓS A CONCLUSÃO DESTE PROCESSO DEVERÁ SER DETERMINADO PELO EXECUTIVO O UNIVERSO DOS TRABALHADORES QUE SERÃO ABRANGIDOS POR ESTA ACTUALIZAÇÃO, PROCEDENDO-SE À RESPECTIVA ALTERAÇÃO ORÇAMENTAL.

TENDO EM CONTA QUE O PROCESSO ESTÁ NA SUA FASE FINAL, PREVÊ-SE QUE ESTA DECISÃO OCORRA NO MÊS DE OUTUBRO, NA PRIMEIRA REUNIÃO FORMAL DO NOVO EXECUTIVO.

INFORMA-SE, AINDA, QUE AS ALTERAÇÕES DE POSIÇÃO RENUMERATÓRIA QUE VENHAM A OCORRER TERÃO EFEITOS RETROACTIVOS A 1 DE JANEIRO DE 2009, PELO QUE O FACTO DO PROCESSO SE ENCONTRAR AINDA EM CURSO NÃO PREJUDICARÁ A SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES»
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Como em cima se disse, estas promessas foram feitas através de comunicado, assinado pelo presidente e publicado no site da Câmara Municipal, de onde foi retirado após as eleições de 11 de Outubro.

A primeira reunião formal do novo executivo já se realizou na última quarta-feira e sobre estes problemas que afectam e prejudicam os trabalhadores Municipais nada foi deliberado.
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O PS e presidente da Câmara com esta promessa pudem ter ganho alguns votos, mas serão os votos tudo?!

A Dignidade, a Decência Politica, Falar Verdade, Honrar Compromissos Assumidos, não são como se vê, qualidades dos Socialistas.

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Outros perderam as Eleições, mas não a Dignidade nem a Decência Politica!

A tarefa primordial

É necessário insistir na valorização dos resultados obtidos pela CDU nos três actos eleitorais realizados este ano: os resultados em si e o contexto em que eles se verificaram.
Como tem sido justamente sublinhado no Avante!, esses resultados, ficando muito aquém daquilo que desejávamos (e merecíamos...), foram muito para além daquilo que os nossos inimigos e adversários pretendiam e não se cansaram de anunciar - de anunciar e não só: de tudo fazer, utilizando todos os muitos e poderosos meios de que dispõem, para que o anúncio se concretizasse, ou seja, para que a CDU, coligação na qual o PCP é força determinante, fosse esmagada eleitoralmente.
Com efeito, os média dominantes – televisões, rádios, jornais, todos ao serviço do grande capital seu patrão – não se pouparam a esforços para cumprir a tarefa de que estavam incumbidos, num vale-tudo bem revelador do seu conceito de liberdade de informação... Silenciamento, deturpação ou menorização das iniciativas da CDU; sondagens com resultados à medida dos desejos de quem as encomenda e paga; comentários e análises em que os facto são mandados às urtigas e a especulação barata é rainha; mais todo o arsenal da tradicional propaganda anticomunista – a tudo esses média deitaram mão no seu objectivo de ver concretizado o sonho fúnebre da morte do PCP.
E só a notável intervenção do colectivo partidário comunista - e dos muitos milhares de outros activistas da CDU – permitiu fazer frente a essa ofensiva, anulá-la em parte e, no essencial, frustrar-lhe os planos.
Assim, é a esta luz que devem ser vistos os resultados eleitorais obtidos.
Assim, a confirmação do PCP como partido necessário, indispensável e insubstituível na sociedade portuguesa, como grande força de esquerda, apresenta-se como o dado mais relevante no balanço deste ciclo eleitoral.
O colectivo partidário tem agora à sua frente a tarefa primordial do reforço do Partido – um reforço que, suportado no reforço da sua ligação às massas trabalhadoras, aos seus problemas, anseios e aspirações, conduzirá a um PCP mais forte nos planos orgânico, interventivo e ideológico.Com muito trabalho, sem dúvida. Mas disso sabemos nós. E é para isso que cá estamos.
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